08.05.2013 Views

estrutura de rede de interac¸˜oes entre abelhas e flores em um ...

estrutura de rede de interac¸˜oes entre abelhas e flores em um ...

estrutura de rede de interac¸˜oes entre abelhas e flores em um ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

ESTRUTURA DE REDE DE INTERAÇÕES ENTRE ABELHAS E<br />

FLORES EM UM ECOSSISTEMA DE CAMPO RUPESTRE<br />

FERRUGINOSO, OURO PRETO, MG<br />

Cristiane Martins¹ 2<br />

Rodrigo Assunção¹; Valdir Lamim - Gue<strong>de</strong>s¹; Yasmine Antonini¹<br />

1 - Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Ouro Preto, Departamento <strong>de</strong> Biodiversida<strong>de</strong>, Evolução e Meio Ambiente. Ouro Preto, MG.<br />

2 - crismartinsmg@yahoo.com.br<br />

INTRODUÇÃO<br />

Os campos rupestres ferruginosos, também conhecidos<br />

como canga, apresentam <strong>um</strong>a distribuição limitada e<br />

associada a gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> ferro. Estes<br />

ecossist<strong>em</strong>as estão <strong>entre</strong> os mais ameaçados e menos<br />

estudados do Estado <strong>de</strong> Minas Gerais (Jacobi &<br />

Carmo, 2008), sendo os estudos sobre as relações <strong>entre</strong><br />

<strong>flores</strong> e seus visitante praticamente escassos (Faria -<br />

Mucci et al., 2003). As <strong>abelhas</strong> são totalmente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes<br />

dos recursos florais, como pólen e néctar, para<br />

a manutenção <strong>de</strong> adultos e ninhos, e as plantas necessitam<br />

das <strong>abelhas</strong> para o transporte <strong>de</strong> pólen requerido<br />

à sua reprodução sexual. Tudo isso, evi<strong>de</strong>ncia a<br />

importância <strong>de</strong> se compreen<strong>de</strong>r a inter<strong>de</strong>pendência reprodutiva<br />

<strong>entre</strong> <strong>abelhas</strong> e plantas para, assim, elaborar<br />

as medidas necessárias à conservação do meio ambiente<br />

(Schlindwein, 2000). Estudos sobre as relações animal -<br />

planta adotando <strong>um</strong>a abordag<strong>em</strong> das comunida<strong>de</strong>s interativas<br />

ampliam o entendimento do contexto <strong>em</strong> que<br />

estas se estabelec<strong>em</strong> e possibilita a orig<strong>em</strong> <strong>de</strong> hipóteses<br />

mais consistentes sobre como se dão os processos dos<br />

ecossist<strong>em</strong>as (Pigozzo & Viana, 2010).<br />

OBJETIVOS<br />

Dessa forma, este estudo t<strong>em</strong> como objetivo caracterizar<br />

a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> interações <strong>entre</strong> espécies <strong>de</strong> <strong>abelhas</strong> e <strong>de</strong><br />

plantas <strong>em</strong> <strong>um</strong>a área <strong>de</strong> campo rupestre ferruginoso,<br />

<strong>em</strong> Ouro Preto, MG.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

A área <strong>de</strong> estudo localiza - se <strong>em</strong> <strong>um</strong>a região <strong>de</strong> campo<br />

rupestre ferruginoso inserida na Serra da Brígida, que<br />

pertence a Área <strong>de</strong> Proteção Ambiental Estadual Cachoeira<br />

das Andorinhas, no município <strong>de</strong> Ouro Preto,<br />

MG. As coletas foram realizadas quinzenalmente, durante<br />

<strong>um</strong> ano, <strong>entre</strong> 08:00 e 16:00 horas e os coletores<br />

(2) permaneceram próximo as plantas floridas por cerca<br />

<strong>de</strong> 5 minutos. As <strong>abelhas</strong> foram capturadas durante a<br />

visita às <strong>flores</strong>, ou <strong>em</strong> vôo, com o auxílio <strong>de</strong> re<strong>de</strong> entomológico.<br />

A partir <strong>de</strong> <strong>um</strong>a matriz <strong>de</strong> adjacência com<br />

dados <strong>de</strong> ausência e presença das espécies <strong>de</strong> <strong>abelhas</strong> e<br />

plantas, confeccionou - se o grafo bipartido, por meio do<br />

programa Pajek (Program for Large Network Analysis<br />

Batagelj & Mrvar 1998). Foram utilizadas as métricas<br />

para calcular a conectância e o grau médio para plantas<br />

e animais, assim como a distribuição dos graus <strong>entre</strong> as<br />

mesmas.<br />

RESULTADOS<br />

A re<strong>de</strong> <strong>de</strong> interações observada para a área <strong>de</strong> estudo<br />

foi composta por 48 espécies <strong>de</strong> <strong>abelhas</strong> e 34 espécies<br />

<strong>de</strong> plantas. A proporção das conexões que <strong>de</strong> fato foram<br />

observadas (conectância) foi C= 0,0882 (8,82%)<br />

- 144 interações observadas para 1632, teoricamente,<br />

esperadas. Das interações observadas 39 (27,08%) concentram<br />

- se <strong>em</strong> 3 espécies <strong>de</strong> <strong>abelhas</strong> que são: Apis<br />

Mellifera (10,92%), Bombus atractus (9,72%) e Trigona<br />

spinipes (6,94%). Para as plantas as interações foram<br />

concentradas <strong>em</strong> 7 espécies vegetais: Psyllocarpus la-<br />

X Congresso <strong>de</strong> Ecologia do Brasil, 16 a 22 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2011, São Lourenço - MG 1


icoi<strong>de</strong>s (8,33%), Senna reniformes (6,94%), Diplusodon<br />

sp (6,94%), Tibouchina multiflora (6,94%), Er<strong>em</strong>anthus<br />

erythropappus (6,25%), Dickia sp (6,25%) e<br />

Asteraceae sp1(5,56%). O grau das <strong>abelhas</strong> variou <strong>entre</strong><br />

1 e 15, com grau médio igual a 3, com 13 espécies<br />

utilizando mais que a média e 22 espécies visitando<br />

apenas <strong>um</strong>a espécies <strong>de</strong> planta. Analisando as plantas,<br />

a variação do grau foi <strong>entre</strong> 1 e 12, sendo o grau<br />

médio 4,24, on<strong>de</strong> 12 com visitas acima da média e 10<br />

<strong>de</strong>las sendo visitadas por apenas <strong>um</strong>a espécie <strong>de</strong> abelha.<br />

O grafo bipartido aponta para o aninhamento da<br />

re<strong>de</strong> <strong>de</strong> interações <strong>entre</strong> <strong>abelhas</strong> e plantas. Na área estudada<br />

as interações estabelecidas <strong>entre</strong> as <strong>abelhas</strong> e<br />

as <strong>flores</strong> foram marcadas pela heterogeneida<strong>de</strong> e assimetria<br />

no número <strong>de</strong> interações, com gran<strong>de</strong> parte das<br />

espécies estabelecendo a maioria das interações, e por<br />

outro lado espécies com poucas interações estão conectadas<br />

a espécies com muitas interações. Corroborando<br />

assim, com os resultados encontrados por Pigozzo e<br />

Blandina (2010), <strong>em</strong> ambiente <strong>de</strong> caatinga. As espécies<br />

mais abundantes foram A.mellifera (21,3%), T. spinipes<br />

(14,9%) e B.atractus (14,4%), todas elas espécies<br />

eussocias, as <strong>de</strong>mais espécies representam menos <strong>de</strong> 5%<br />

do total <strong>de</strong> indivíduos coletados. As duas espécies mais<br />

importantes também foram as mais abundantes nos trabalhos<br />

<strong>de</strong> Nogueira - Ferreira & Augustos (2007) e Pigozzo<br />

& Viana (2010). D<strong>entre</strong> as três espécies mais<br />

abundantes A. mellifera visitou (17 espécies), B. atractus<br />

(14 espécies) e T. spinipes (10 espécies). O índice<br />

<strong>de</strong> conectância encontrado (C=8,82%) para a <strong>estrutura</strong><br />

<strong>de</strong> re<strong>de</strong> estabelecida na área <strong>de</strong> estudo é s<strong>em</strong>elhante ao<br />

registrado por Pigozzo e Viana (2010) que apresentou<br />

índice <strong>de</strong> 10,6%. Outras s<strong>em</strong>elhanças ao referido trabalho<br />

é quanto ao aninhamento da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> interações<br />

<strong>entre</strong> <strong>abelhas</strong> e plantas, <strong>de</strong>monstrado pelo grafo bipartido.<br />

Observou - se <strong>um</strong>a concentração das interações <strong>em</strong><br />

<strong>um</strong> número pequeno <strong>de</strong> espécies e neste conjunto <strong>de</strong> conecções<br />

as <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s diminu<strong>em</strong> progressivamente <strong>em</strong><br />

cada lado. As interações <strong>de</strong>monstram <strong>um</strong> padrão ge-<br />

neralista, com as espécies <strong>de</strong> <strong>abelhas</strong>, <strong>em</strong> sua maioria,<br />

utilizam muitas espécies vegetais. Enquanto as espécies<br />

vegetais receb<strong>em</strong> a visita <strong>de</strong> muitas espécies <strong>de</strong> <strong>abelhas</strong>.<br />

CONCLUSÃO<br />

Observou - se que a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> interações <strong>entre</strong> <strong>abelhas</strong> e<br />

plantas encontrada para área <strong>de</strong> campo rupestre ferruginoso<br />

estudada, apresentou - se bastante s<strong>em</strong>elhante<br />

a outras comunida<strong>de</strong>s já conhecidas, com a predominância<br />

<strong>em</strong> relações generalistas.<br />

REFERÊNCIAS<br />

BATAGELJ, V. & MRVAR, A. 1998. Pajek - Program<br />

for Large Network Analysis. Connections, 21(2): 47 -<br />

57. FARIA - MUCCI,G.M.; MELO, M. A. & CAMPO,<br />

L.A.O. 2003. A fauna <strong>de</strong> <strong>abelhas</strong>(hymenoptera, Apoi<strong>de</strong>a)<br />

e plantas utilizadas como fontes <strong>de</strong> recursos florais,<br />

<strong>em</strong> <strong>um</strong> ecossist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> campos rupestres <strong>em</strong> Lavras Novas,<br />

Minas Gerais, Brasil. In: G.A.R. Melo & I. Alves<br />

- dos - Santos, Apoi<strong>de</strong>a Neotropica: Homenag<strong>em</strong> as<br />

90 anos <strong>de</strong> Jesus Santiago Moure. Editora UNESC.<br />

Criciúma. JACOBI,C.M. & CARMO, F.F. 2008. The<br />

Contribution of Ironstone Outcrops to Plant Diversity<br />

in the Iron Quadrangle, a Threatened Brazilian Landscape.<br />

AMBIO, v.37, n.4, p.324 - 326. NOGUEIRA<br />

- FERREIRA, F.H. & AUGUSTO, S.C. 2007.Amplitu<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Nicho e similarida<strong>de</strong> no uso <strong>de</strong> recursos florais<br />

por <strong>abelhas</strong> eussociais <strong>em</strong> <strong>um</strong>a área <strong>de</strong> cerrado. Biosci.<br />

J., 23 (1): 45 - 51. SCHLINDWEIN, C. 2000. A importância<br />

<strong>de</strong> <strong>abelhas</strong> especializadas na polinização <strong>de</strong><br />

plantas nativas e conservação do meio ambiente. Anais<br />

do VI Encontro sobre <strong>abelhas</strong>. Ribeirão Preto, SP. PI-<br />

GOZZO, C. M. & VIANA, B. F. 2010. Estrutura da<br />

re<strong>de</strong> <strong>de</strong> interações <strong>entre</strong> <strong>flores</strong> e <strong>abelhas</strong> <strong>em</strong> ambiente<br />

<strong>de</strong> caatinga. Oecologia australis. 14(1): 100 - 114.<br />

X Congresso <strong>de</strong> Ecologia do Brasil, 16 a 22 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2011, São Lourenço - MG 2

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!