terça-feira, 24 de março de 2015

Tillandsia leucopetala H. Büneker, R. Pontes & L. Witeck

O gênero Tillandsia L. possui uma ampla distribuição geográfica que coincide com a distribuição global de Bromeliaceae. Tillandsia usneoides (L.) L. é a espécie com distribuição mais ampla da família, ocorrendo desde o sul dos Estados Unidos até a Patagônia na Argentina (Smith & Downs 1977). Em contraste com as espécies epífitas com grande distribuição, como T. usneoides, as espécies saxícola muitas vezes são restritas
devido à descontinuidade e fragmentação de seu habitat, ocorrendo em áreas rochosas conhecidas como "inselbergs", sendo muitas vezes endêmica nessas pequenas áreas (Tardivo 2002, Coser et al. 2010).
Entre os seis subgêneros atualmente aceitos de Tillandsia, Anoplophytum é aquele com a maior diversidade de espécies no estado do Rio Grande do Sul, Brasil. É o subgênero com maior números de espécies saxícolas, com ocorrências restritas e endêmicas neste estado, como exemplificado por T. afonsoana Strehl, T. bella Strehl, T. itaubensis Strehl, T. jonesii Strehl, T. polzii Ehlers, T. rohdenardini Strehl, T. toropiensis Rauh, T. winkleri Strehl e T. witeckii Büneker et al., seguindo este padrão recentemente descreveu-se Tillandsia leucopetala (Büneker et al. 2015).


Hábito de Tillandsia leucopetala

Tillandsia leucopetala é similar a Tillandsia toropiensis e Tillandsia nuptialis Braga & Sucre, a última é endemica do estado do Rio de Janeiro e difere principalmente pela aparência vegetativa. T. toropiensis é também endêmica do Rio Grande do Sul, ocorre em escarpas rochosas da região central deste estado. T. leucopetala difere de Tillandsia toropiensis pelas flores e brácteas florais maiores e em maior número, pelas sépalas adaxiais conatas até a porção mediana (vs. contas até o ápice), e pelo porte maior. Além disto diferem pela cor das brácteas florais que são amarelos esverdeadas em T. leucopetala e avermelhadas em T. toropiensis.


Inflorescência de Tillandsia leucopetala
Inflorescência de Tillandsia toropiensis

O epíteto "leucopetala" fois escolhido remetendo as características pétalas brancas da espécie, leuco=branco e petala=pétala. A espécie é conhecida apenas para a localidade tipo em Santiago, onde vegeta em uma escarpa rochosa as margens do rio Jaguarizinho.


Hábitat de Tillandsia leucopetala



Holótipo de Tillandsia leucopetala



sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Dyckia delicata Larocca & Sobral


O gênero Dyckia, em geral, apresenta espécies pouco atraentes ao público geral que busca por plantas ornamentais para cultivo, porém algumas espécies deste gênero se destacam pela beleza de suas rosetas, é o caso de Dyckia brevifolia Baker e Dyckia distachya Hassl. (que são facilmente encontradas para venda, inclusive em supermercados), Dyckia marnier-lapostollei L.B.Sm., entre outras. Uma das mais belas espécies do gênero, com grande potencial de produção comercial para fins de uso como ornamental, certamente é Dyckia delicata Larocca & Sobral, espécies descrita em 2002 (Larocca & Sobral 2002) e atualmente avaliada como criticamente ameaçada (Rio Grande do Sul 2014). 


Hábito de Dyckia delicata in habitat


Roseta de Dyckia delicata


Holótipo de Dyckia delicata depositado no herbário ICN


Ela ocorre em escarpas rochosas na região de Barros Cassal no Rio Grande do Sul, e é facilmente reconhecida pelas folhas estreitas, denso-lepidotas, flexíveis e com espinhos longos e patentes, porém estes não pungentes (o que originou o epíteto específico). Suas flores, apesar de relativamente grandes, são similares as flores do grupo Dyckia maritima (que inclui D. agudensis Irgang & Sobral, D. alba S. Winkl., D. domfelicianensis Strehl, D. hebdingii L.B.Sm., D. maritima Baker, D. nigrospinulata Strehl, D. polycladus L.B.Sm., D. retardata S. Winkl., D. retroflexa S. Winkl., D. rigida Strehl, D. selloa (K. Koch) Baker), porém com tamanho maior e com sépalas glabras. 


Habitat de Dyckia delicata


Inflorescência de Dyckia delicata



A planta está exposta a alto índice de iluminação solar na escarpa rochosa, porém na base da escarpa observam-se plantas em ambiente sombreado, na mata, sendo provavelmente que a mata tenha avançado no ambiente xerofítico com o passar do tempo.




Espécime de Dyckia delicata in habitat em ambiente sombreado


Espécime de Dyckia delicata in habitat em ambiente parcialmente ensolarado


Espécime de Dyckia delicata in habitat em ambiente ensolarado